segunda-feira, 7 de junho de 2010

A caverna




Anoiteceu a luz que outrora brilhara agora se convertera em um manto sombrio que camuflava aquele lugar.
Eu e mais três encarregamos logo de fazer uma fogueira, onde todas as noites nos reuníamos ali para falar sobre política, filosofia, contos e poesias, vivíamos em tempos românticos por assim dizer de certa ingenuidade confesso.
Pois queríamos nos tronar grandes poetas e desfrutar da glória ainda vivos. Fundamos então a primeira sociedade dos poetas vivos. O grupo era composto por somente quatro pessoas, EU, Vando, Marcelo e Nívia uma poetisa linda e maravilhosa.
O fato de ser a única representante feminina do grupo não a incomodava ao contrário dava um título de soberania feminina.
Este lugar foi descoberto meio ao acaso por vando que perambulava por aquelas terras pegando lenha, ofício todos os jovens daquele lugar, pois bem lá estava ele numa sexta- feira de tarde cinza quando derrepente um frio e forte vento o arrepiou do pé a cabeça, logo em seguida ouviu-se um estranho assovio que logo se dissipara no ar.
A curiosidade fora maior que seu medo e ele foi se aproximando perto de uma estrutura rochosa, quase invisível a rocha havia uma fenda estreita encoberta por alto capim, ao Aproximar avistou uma magnífica e escura caverna na qual trazia em suas paredes o verde mofo do lodo, que prestavam condolência a uma ossada humana colada de forma estranha no fundo do salão. Na parte inferior encontrara um ninho de urubu já com seus ovos podres, e mais abaixo um misterioso buraco onde a luz não conseguia mostrar o seu fundo. Parecia um aviso, porém Vando venceu mais uma vez o seu medo, tomou coragem pegou aquela ossada e jogou dentro do abismo negro.
Ao contar para nós tal acontecimento decidimos nos reunir ali todas as sextas como homenagem ao descobrimento da caverna da caveira nome dada por nós.
Aquela sexta-feira que estava por vir seria especial, pois era sexta-feira 13. Dia obscuro para alguns supersticiosos, para nós seria o dia em que faríamos uma festa Dionisíaca arregada a vinho, e muita libertinagem seríamos os novos Calígula daquele pacato lugar chamado Santa Luzia do Norte.
Passamos à semana inteira fazendo os preparativos, desta vez a sociedade abriu uma exceção, poderíamos levar três ou quatro acompanhantes.
Mas para isso teríamos que enfrentar o mal do nosso século, as gostas de suor ardia os meus olhos deixando-os vermelhos como fogo, porém um só pensamento me invadia a alma.
Sexta – feira o dia D...... D.I.O.N.I.S.I.O .
O tão esperado dia chegou preparei um poema intitulado “ Culto a Dionísio ”.
Poema este que fora gerado no leito das mais insanas palavras existentes.
A caverna fora enfeitada por lampiões antigos, para dar certo tom à festa.
Os convidados chegaram à maioria mulheres escolhidas a dedo, eram jóias de seios fogosos e quentes. A noite prometia a entrada da caverna Marcelo despejava o mais fino vinho, na boca de cada visitante era o cartão de boas vindas.
Para comermos matamos um carneiro, assamos por inteiro, a bebedeira correra solta logo os nossos maldosos olhos já sentia os efeitos do vinho, nos libertamos ali mesmos sem regras, sem pudor, em rédeas éramos imortais agora tudo era permitido, entre risos, carícias e libertinagem resolvemos cultuar ao deus do vinho.
Saquei uma folha já manchada pelo vinho e comecei a recitar o poema entre o mar da furnicação.
Derrepente impetuoso vento invadiu o salão apagando os lampiões tragando-nos com suas trevas. O vento gélido empesteava a sala e com ele uma misteriosa voz em forma de sussurro dizia:
Carpe... Carpe... Carpe diem. Meus meninos...
Carpe... carpe diem....
Neste instante ouvimos vozes, eram gritos senti algo espesso e quente cair sobre mim.
Mais gritos foram escutados depois de súbito parou.
Uma pequena chama de fósforo fora acesa por alguns instante pode se ver o quadro pintado por sangue, e todos estavam ali estagnados com o terror estampado em suas faces suas carnes já devoradas expondo somente o jovial esqueleto que já eram muitos naquela noite.Todos encostados naquelas úmidas paredes empesteada de lodo.
Todos ficaram fazendo companhia aquela solitária ossada que outrora fora encontrada. Somente uma jovem dentre nós conseguiu escapar para contar esta história.
Jovem poetisa linda e maravilhosa, chamada Morte.



Autor: Uésley Santos. ( Arcanjo Pereira).

Um comentário:

  1. Este conto é uma homenagens a alguns amigos que marcaram muito a minha vida. Nívia, Marcelo e Vando. Um abraço meus amigos e muito obrigado por tudo. Uésley Santos.( Arcanjo Pereira ).

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