sábado, 27 de março de 2010

O Coveiro Macabro.









Essa história é verídica e aconteceu em Santa Luzia do Norte interior do Estado do Espírito Santo ES.
Quando eu era criança eu e meus amigos vivíamos brincando nos arredores do pequeno vilarejo que habitava na época cerca de 1000 habitantes.

Percorríamos as vezes ao arredor do pequeno cemitério, que tinha um velho portão de madeira podre que balançava com o barulho do vento, o coveiro do lugar estava sempre com uma inchada na mão capinando ao arredor, eu conheci a família dele e todos tinham a fama de beberrões salvo um cujo apelido era Du, esse só bebia café e água.

O meu pai sempre matava vaca para o açougueiro e ele sempre me levava para ajudar a limpar as tripas, confesso que no início eu faltava vomitar, mas com o passar do tempo comecei acostumar com o cheiro fétido de bosta de vaca.

Um dia se não me falha a memória numa sexta – feira, acordamos bem cedo. Ainda escuro quando nos deparamos com uma figura bizarra ao redor do matadouro lá estava aquela figura cabisbaixo não falava nada parecia concentrado em algo, que lhe pertubava seu íntimo. O meu pai estranhou, mas não puxou conversa meu pai amarrou a vaca e deu um golpe certeiro na cabeça dela com um machado e um golpe de misericórdia no coração foi sangue para todo lado.

Derrepente o coveiro saltou acerca e empurrou o meu pai e colocou a boca no esguicho de sangue que ainda estava quente, parecia beber a alma daquele animal eu e meu pai arregalamos os olhos com aquela atitude insana e macabra e o infeliz coveiro parecia se esbaldar com o líquido avermelhado que escorria pela sua boca agora vermelha. Após beber quase meio litro de sangue o homem recolheu- se sem falar uma única palavra, e sumiu na nevoeiro da madrugada.

Fiquei horrorizado e espalhei para meus amigos o acontecido a partir deste dia todos nós tínhamos medo do coveiro o chamávamos de coveiro vampiro, a notícia se espalhou como epidemia e todos começaram a ficar curiosos com os atos que o coveiro praticava.

Certo dia morreu um ente querido nosso e horas antes do enterro o coveiro foi abrir a sepultura como de costume, fiquei a espreita só por curiosidade então vi uma cena macabra o coveiro cavou num lugar que já tinha enterrado alguém antes a ossada ficou exposta por cima da terra

Então o coveiro pegou uma garrafa de cachaça que ele bebia antes de abrir a cova, pegou o crânio esquelético limpou - o e colocou cachaça dentro e bebeu longos goles, parecia saborear água de coco no verão tal ato nem sequer o abalava simplesmente o saciava parecia algo malígno pois ele dizia umas palavras que eu não entendia após recitá- las ele soltava longas gargalhadas depois continuava a cavar normalmente.

E foi assim por muitos anos, toda vez que morria alguém ele pegava aquele velho crânio e bebia nele e recitava as mesmas palavras estranhas gargalhava como se fosse um ato ritualístico ou coisa parecida. O povo tinha medo e receio em reprimi-lo.

Um dia o sino tocou o povo já comentava, mais um se foi, desta para a melhor comentava outro,quem será que bateu as botas desta vez?

Para a surpreza de todos, era o próprio coveiro que acabara de falecer mais uma vítima da cirrose que a cachaça lhe presenteara.

Enquanto o corpo do pai era velado pelos poucos parentes, o filho mais novo foi procurar os documentos de seu já defunto pai quando deparou com um livreto de capa preta meio empoeirado que caíra no chão a curiosidade apossou- se do jovem rapaz que foleou algumas folhas escuras de letras avermelhadas que inesplicavelmente fez as suas mãos sangrarem como quem fora ferido por uma lâmina cortante, os olhos do rapaz também avermelhou, e ele ficou como numa espécie de transe o jovem foi até ao cemitério abriu uma profunda cova pegou o velho crânio e encheu de cachaça como o seu velho pai fazia tomou um gole, depois mais um e jogou o restante em sua cabeça como um batismo macabro, depois proferiu as mesmas palavras que seu já morto pai proferira outrora consumando o ritual macabro herdando. Esta foi a única herança que seu miserável pai lhe deixou, passando o legado de coveiro maldito. Que se encarregava de levar as almas até as portas do inferno e entregá-las à Lúcifer.

Então o jovem pegou o seu velho pai e o jogou na cova para seu quase descanso eterno no obscuro abismo. Dizem que até hoje quando alguém morre, a noite é possível ver o velho coveiro bebendo cachaça no velho crânio que outrora achara...



Autor: Uésley Santos. ( Arcanjo Pereira ).

Um comentário:

  1. Escrever esse conto foi gratificante pois busquei retratar uma linha entre ficção e realidade.
    Além de homenagear minha amada terra.

    Uésley Santos (Arcanjo Pereira ).

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