segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Prova.






















Augusto tinha 22 anos, era um rapaz religioso, estava prestes a se casar e sonhava em ser tornar um servidor público, se conseguisse a vaga seria estabilidade na certa, e então poderia comprar a sua desejada casa e viver em paz.

À renda de R$ 3.500,00 lhe enchia os olhos, porém sabia que a concorrência seria grande, Augusto estava disposto a derrotar o batalhão de pessoas sedentas por aquele instigador salário. Às vésperas da prova o sono já lhe fugia dos olhos, e a madrugada encarregava-se de marcá-lo sem nenhuma piedade com profundas olheiras que causava espanto para quem o visse.

Augusto estava decidido, era tudo ou nada, mas lá no seu íntimo o otimismo falava mais alto. Finalmente chegou o grande dia da prova, Augusto foi um dos primeiro a chegar ao local. A ansiedade tomava conta do seu corpo inteiro, Augusto tentava disfarçar, mas algo lhe sombreava a alma, parecia um presságio, mas a sua religiosidade não lhe permitia a crença em presságios, premonições, avisos do além etc.

A sua fé só lhe permitia acreditar que aquela estranha sensação era causada pela adrenalina. É isso só pode ser adrenalina (pensou Augusto) após respirar fundo buscou acalmar- se mantendo o pensamento positivo;

- Calma Augusto essa vaga já é sua é só uma questão de tempo calma.- Augusto pegou a prova e uma folha em branco para rascunho.

A prova começara e ali estava um ser extremamente ansioso escrevendo às pressas o seu nome para ganhar cada segundo do seu precioso tempo. Mas por ironia do destino se é que o existe, Augusto caiu no vale do esquecimento, em outras palavras deu “Branco.” Augusto estava atônito, empalidecido, quando der repente um pensamento veio lhe invadindo a alma, tal pensamento era tão assustador, tão cruel e tão podre que chegava arrepiar- lhe a espinha.

Augusto tentou conter – se, mas era em vão tal esforço, contra aquele maldito pensamento em forma de lobo que tentava a todo custo devorar sem nenhum pudor aquele inocente cordeiro, que já sentia o hálito emaranhado com um ranger de dente assustador que se aproximava em sua sensível garganta para dar o golpe fatal, porém numa tentativa desesperadora Augusto tentou se apegar ao divino, fazendo uma oração fechou os olhos na esperança de ver um anjo que viesse socorrê-lo daquela agonia, mas ao invés de ver um anjo Augusto via uma linda mulher nua, cavalgando em cima do seu corpo, como se fosse a prostituta mais famosa de Sodoma e Gomorra.

Sussurrava ao pé do ouvido as mais perfídias palavras, trazidas em seus lábios maliciosos e sedutores. - Deus do céu me ajude! - suplicou o rapaz, que agora estava numa espécie de transe extasiado com o sabor do mel e fel que misturava em sua boca, em sua mente sentia o horror, em seu corpo o prazer. Tudo isso agora foram se convertendo em culpa e pecado, pois o ato já havia sido consumado pelo desejo e por aquele sombrio pensamento.

As horas passavam e Augusto não tinha sequer respondido uma questão daquela cobiçada prova. Augusto estava cercado por trevas, mas uma vez num esforço sobre humano, relutava bravamente com unhas e dentes, parecia que tinha retomado as rédeas do raciocínio, mas aquele animal xucro era mais forte que Augusto e insistia em trilhar pelos labirintos podres e pervertidos que habitavam em Augusto.

A imagem daquela mulher de cabelos longos, seios fartos, voz mansa e um apetite sexual insaciável, repetiam inúmeras vezes só para tortura- lo. Em uma espécie de relance Augusto deixara escapar algumas palavras;

- Maldita foi à hora em que me deixei me levar pelos impulsos da carne e fui dar aquela espiadela, que juro por Deus jurava ser inocente, quase sem querer, mas agora era tarde demais para lamentações.

De repente aquelas imagens foram se transformando em setas pontiagudas que penetrava em cada poro de sua pele adormecendo cada parte do seu corpo causando uma espécie de formigamento quase insuportável. Augusto estava petrificado, perplexo estava vulnerável, atado de pé e mão, torturado por uma voz que lhe perturbava o juízo dizendo:

-Confessa, confessa! (a voz em tom de ameaça dizia), se você não confessar será pior! (a voz agora em tom mais brando dizia) Vamos, vamos, confessa!

De repente sai um longo suspiro da boca de Augusto como um sinal de rendição, após recuperar os movimentos da sua mão, que tremia como quem acabara de levar um choque de alta voltagem, augusto tentava escrever na folha com os dedos ainda tortos, e rosto empalidecido, e suado. Augusto escreveu as seguintes palavras:

- Senhor me perdoe porque pequei contra ti, há muitos anos que amo e desejo aquela mulher que o senhor sabe que relutei muitas vezes para esquecê-la. Mas é chegada à hora de confessar, pois não consigo mais esconder o que sinto por ela. Confesso que a paixão e o desejo apossaram de mim de forma avassaladora. Juro que sou capaz de cometer uma loucura só para ficar ao lado dela e possuí- La como mulher.

No entanto um grande abismo nos separa, mas uma vez por ironia do destino se é que o existe eu terei que me casar com outra mulher, mulher esta que não amo. Quero que saiba que se vou me casar com ela não é por amor e sim por remoço, contudo admito que o máximo que poderei possuir do meu verdadeiro amor é a sua doce voz dizendo:

- Boa noite! Durma com Deus e sonhe com os anjos meu amado filho.





Uésley Santos. ( Arcanjo Pereira).

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